Cientistas querem reverter degradação humana causada pelas redes sociais

 

Tristan Harris e Randima Fernando, autores do documentário "O Dilema das Redes", fundaram o Center for Humane Technology (CHT) para combater os estragos causados à sociedade pelas mídias sociais

Randy Fernando (à esquerda) fundou com Tristan Harris (à direita) o Center for Humane Technology (Foto: CHT via BBC News Brasil)



De tanto discutir sobre quando a tecnologia iria superar nossas habilidades, não percebemos que as máquinas estavam focando em conhecer nossos pontos fracos.

Esta é a base de um conceito que está na moda no Vale do Silício, conhecido como human downgrading (degradação humana).

A expressão foi cunhada pelo cientista da computação Tristan Harris e seu sócio Randima (Randy) Fernando, cofundadores do Center for Humane Technology (CHT), uma organização sem fins lucrativos cuja missão é "reverter a degradação humana" e "realinhar a tecnologia com a nossa humanidade".

No documentário "O Dilema das Redes", Harris e Fernando expõem essa questão, profundamente ligada à chamada "economia da atenção" — como as empresas monetizam nossa atenção por meio das redes sociais e outras tecnologias digitais. E nossa atenção, que é finita, acaba sendo sugada pelo excesso de informação disponível.

Fernando, diretor-executivo do CHT, acredita que a tecnologia deve ser "mais humana". Na entrevista a seguir, concedida à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, ele explica o motivo.

BBC News Mundo - Como surgiu o seu interesse pela economia da atenção e por que isso é importante?

Randima (Randy) Fernando - Meus pais me ensinaram mindfulness (meditação baseada na atenção plena) e tecnologia desde pequeno, então segui esse caminho. Eu me interessei muito por computação gráfica e trabalhei na Nvidia (multinacional do Vale do Silício) por sete anos. Depois, ajudei a fundar uma organização chamada Mindful Schools para ensinar mindfulness em escolas.

Fiz isso por um tempo até esbarrar com Tristan [Harris].

Nós dois estávamos muito interessados ​​em mindfulness. Começamos a perceber que éramos contra a forma como a economia da atenção compete constantemente para treinar nossas mentes de maneira distinta.

A economia da atenção é uma adversária da atenção plena. É muito fácil para as empresas criarem perfis sobre nós com base nas informações que compartilhamos nas redes sociais, e elas compartilham essas informações com os anunciantes. Esse modelo de negócio torna a nossa atenção vital e, além disso, não se baseia nos nossos interesses, mas nos dos anunciantes.

Decidimos que o melhor era criar uma organização para gerenciar o crescente interesse pelo assunto (sobretudo desde que Harris falou sobre o tema em um programa nacional de televisão em 2017) e tentar resolver o problema. Três anos depois, ainda estamos trabalhando nisso.

BBC News Mundo - Para resolver o problema, vocês propõem "reverter a degradação humana". O que isso significa?

Fernando - Grande parte do trabalho que fazemos tem a ver com a mente, com o vício e como combatê-lo; com meditação e bem-estar emocional. Também com democracia e polarização, com a distorção da verdade. Todas essas questões estão inter-relacionadas e vinculadas à "degradação humana".


Veja a matéria completa em: https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2021/01/cientistas-querem-reverter-degradacao-humana-causada-pelas-redes-sociais.html

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